Autores fantásticos deixam seus traços;

seus personagens brilhantes deixam sua lenda.

Reprodução digital de uma mulher com chapéu grande, cabelos castanhos, usando brincos longos e roupa de cor semelhante ao verde, em um fundo com folhas e ramos.

Frances Hardinge – The Lie Tree (A Árvore da Mentira)

The Lie Tree é uma história sombria e brilhante sobre curiosidade, fé e as verdades que escolhemos acreditar. A protagonista é Faith Sunderly, uma jovem da era vitoriana, filha de um reverendo e naturalista cuja morte misteriosa revela um segredo impossível: uma árvore que cresce alimentada por mentiras e que, em troca, revela verdades ocultas.

Faith, sufocada por um mundo que não espera nada de uma menina além da obediência, usa a árvore para tentar desvendar o que realmente aconteceu com seu pai. Mas, à medida que espalha mentiras para fazê-la florescer, descobre que a verdade pode ser tão perigosa quanto o engano.

Frances Hardinge mistura mistério, crítica social e fantasia gótica num enredo que parece uma fábula científica. Sua escrita é delicada e afiada, abordando temas como o poder do conhecimento, o papel das mulheres na ciência e a manipulação das crenças tudo isso com uma elegância vitoriana que fascina.

Retrato digital de um homem com cabelo curly, vestindo roupa antiga, em um ambiente com livros, pergaminhos e uma vela acesa, ambiente que sugere um escritório ou biblioteca do século XVIII.

Alexandre Dumas - Os Três Mosqueteiros

Me lembrou que a vida não é feita pra ser vivida sozinho. Por mais independência que a gente queira ter, sempre há um pedaço do caminho que só faz sentido quando alguém caminha ao lado rindo, errando, defendendo ou até discordando da gente.

Dumas me fez perceber que coragem não é só enfrentar inimigos, mas continuar acreditando nas pessoas, mesmo quando o mundo parece uma grande intriga. E, no fundo, é isso que mais me marcou: a amizade como um tipo de heroísmo que não sai nas manchetes, mas que salva a gente todos os dias.

Ilustração de uma mulher com cabelos castanhos ondulados sentada em uma poltrona com um livro aberto no colo, ao fundo há uma floresta com dois lobos brancos e flores amarelas.

Clarissa Pinkola Estés – Mulheres Que Correm com os Lobos.

Esse livro me fez perceber de forças e sentimentos especiais. Com cada história, fui reconhecendo pequenas forças que estavam ali o tempo todo só precisavam de espaço pra respirar. Clarissa me ensinou que o “selvagem” não é o oposto do sensato, mas o nome daquilo que é verdadeiro.


Aprendi a reconhecer instintos com mais respeito, a aceitar o silêncio, o cansaço e até a fúria como vozes da alma pedindo presença. Depois dele, passei a me tratar menos como alguém a ser consertado e mais como alguém a ser compreendido. E foi assim que descobri que correr com os lobos não é sobre fugir é sobre voltar pra casa dentro de si.

Desenho de um jovem rapaz com óculos sentado em uma mesa de estudos, rodeado de livros e uma xícara, com uma luminária ao lado e uma janela mostrando uma noite estrelada ao fundo.

John Green – Estava Escrito nas Estrelas (A Culpa é das Estrelas)

John Green nos entrega uma história sobre amor, finitude e o brilho breve da vida. Hazel Grace, uma jovem com câncer terminal, vive entre sessões de tratamento e a ironia de saber que o tempo é curto até conhecer Augustus Waters, um ex-jogador de basquete cheio de charme e reflexões fora do script.

O encontro dos dois vira um pequeno milagre cotidiano: eles se apaixonam, viajam, riem, leem juntos e descobrem que até a dor pode ser bela quando há verdade e partilha. Mas o livro não é sobre morrer de câncer é sobre viver apesar dele. É sobre como o amor, mesmo condenado ao fim, deixa uma marca que o tempo não apaga.

Green mistura humor, filosofia e emoção numa prosa leve, que fala sobre mortalidade sem pesar um lembrete de que o infinito pode caber em alguns dias bem vividos.

Retrato estilizado de um homem com cabelo escuro, bigode e roupa antiga, em fundo com cores quentes e frias.

Friedrich Nietzsche – Assim Falou Zaratustra

Ler Nietzsche é como ser lançado em um espelho que não perdoa ilusões. Assim Falou Zaratustra me fez perceber o quanto buscamos sentido fora, quando o verdadeiro chamado é criar o nosso próprio. A cada página, algo em mim se rebelava contra as certezas, contra a necessidade de agradar, contra a ideia de que viver precisa de permissão.


Nietzsche não consola, ele provoca. E, nesse incômodo, nasce uma liberdade bruta, quase selvagem, que me fez desejar uma vida mais inteira e menos explicada. No fim, entendi que o “além-do-homem” não é um ser superior, mas o gesto cotidiano de quem ousa transformar o peso da existência em dança

Ilustração de um homem de cabelo grisalho, barba e bigode, usando óculos, terno, camisa branca e gravata marrom, com fundo abstrato em tons de bege.

Machado de Assis - O Alienista

Em O Alienista, Machado de Assis cria uma sátira genial sobre os limites entre a razão e a loucura, explorando com ironia o poder, a ciência e o comportamento humano.

A história gira em torno do Dr. Simão Bacamarte, um médico de grande prestígio que decide dedicar-se ao estudo da mente humana. Na cidade fictícia de Itaguaí, ele funda a Casa Verde, um hospício destinado a abrigar os "loucos" para observação científica.
Inicialmente, a população apoia o projeto, mas logo Bacamarte começa a internar praticamente todos os cidadãos da cidade, inclusive os mais respeitáveis, alegando desvio de razão em qualquer comportamento fora do padrão que ele mesmo define.

O poder absoluto do alienista leva à revolta popular e à criação de movimentos de resistência. No entanto, quando o médico é temporariamente destituído, a população percebe o caos que surge sem sua autoridade e o recoloca no poder.
Em um desfecho irônico, Bacamarte conclui que talvez o verdadeiro louco seja ele próprio e decide internar-se na Casa Verde, encerrando a narrativa com uma reflexão sobre o delírio da razão e o absurdo da normalidade.

Ilustração de um homem idoso com cabelo e barba brancos, usando óculos, vestido de preto, com uma paisagem desértica ao fundo e um céu estrelado.

Paulo Coelho – O Alquimista

“O Alquimista” é uma daquelas histórias simples que parecem ter sido escritas direto para o coração. Acompanhamos Santiago, um jovem pastor andaluz que parte em busca de um tesouro escondido perto das pirâmides do Egito. Mas, no fundo, o que ele está realmente procurando é a si mesmo.

Durante a jornada, ele encontra reis misteriosos, sábios, ladrões, o deserto imenso e o amor e de cada encontro tira um aprendizado sobre escutar os sinais do universo. Paulo Coelho transforma a busca de Santiago em uma metáfora sobre o propósito de vida, mostrando que, às vezes, o tesouro está justamente onde a gente começou.

Retrato digital de um homem com cabelo cacheado escuro, usando jaqueta escura e cachecol vermelho, com expressão séria e olhar direto.

Lord Byron — Manfredo

"Manfredo" não é apenas um poema dramático de Lord Byron; é uma daquelas jornadas intensas que nos lembram que a culpa é o maior tesouro que carregamos. Aqui, acompanhamos Manfredo, um nobre nos picos da Suíça, que busca desesperadamente uma única coisa dos Sete Espíritos: o esquecimento.

Mas o esquecimento, ele logo descobre, não se compra nem se invoca.

Durante a jornada, Manfredo encontra bruxas, espíritos e, até mesmo, o Abade, que representa o caminho fácil da redenção. Ele rejeita todos eles. Sua busca não é pelo perdão externo, mas pela paz interna que só pode vir de uma fonte: ele mesmo.

Byron transforma o isolamento de Manfredo em uma metáfora sobre a soberania da alma, mostrando que o poder do universo não está nos deuses ou nos demônios que ele invoca, mas na vontade inquebrável do próprio ser.

No final, quando a morte se aproxima, Manfredo não se curva. Ele não implora. Ele simplesmente diz: "Velho! Não é tão difícil de morrer."

Essa é a mensagem de Manfredo para nós: se você não puder dominar suas paixões e sua dor, se você não for o único mestre de sua alma, você será escravo de qualquer ruído externo. O verdadeiro poder é a liberdade de escolha, mesmo quando a única escolha que resta é a sua própria dignidade.

Às vezes, a maior jornada não é para encontrar o tesouro, mas para rejeitar a esmola do esquecimento.