Às vezes, o caminho de volta não leva ao passado, leva a quem você sempre quis ser, mas ainda não teve coragem de encontrar.
Regressar não é buscar o que ficou para trás, mas uma procura pelo que nunca se permitiu ser. É um engano traçar o caminho de volta com a medida do passado, julgando que a salvação está nas memórias ou nas cenas que deixamos para trás. Não! O passado é inerte, um mapa já percorrido. Uma imagem desbotada e relembrada em maquiagem pela saudade.
O verdadeiro sentido do retorno é o salto corajoso para o futuro que mora em nós. É a jornada menos óbvia, aquela que, ao invés de buscar a familiaridade, mira o Desconhecido que se esconde sob o disfarce da rotina e das expectativas que pouco ou nada dizem sobre quem verdadeiramente somos.
Por vezes, nossa melhor versão não é na ribalta do sucesso, mas em estar conscientemente no silêncio; anônimo, mas iluminado e se, se, modesto, curvar-se a si mesmo; não como derrota, mas como bússola. E é neste recuo que o espírito ganha espaço para a Coragem Nova: não a do grito ou do embate externo, mas a do Encontro final consigo mesmo.
Olhamos para o espelho, não para ver o reflexo do que fomos, mas para encarar a face de quem sempre quisemos ser, e que esperava apenas a nossa audácia para ser libertado. O caminho de volta é, ironicamente, a trilha mais direta para o nosso eu autêntico, a única jornada que nos coroa de essência.
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