Em fina poeira o futuro me recebe, sem o peso do excesso ou da escassez; Por cada pulso que o tempo me reteve; Ele mesmo, consumido em si se fez.

Embora à chegada o percurso já-agora se desfaça; Do lá distante ao aqui que me concebe, A jornada se cumpriu mais de uma vez; Com o ardor da coragem que se bebe.

Ou no lento recuo daquela alma se desfez. Mas, se o refúgio foi minha única chegada, Não há mácula onde o destino me conduz;

O que restava jaz, já noutra parte, e em nova luz. Com a grandeza do ser que se reparte, Eis a coragem límpida de ser.

Ariel Alaire

Próximo
Próximo

Soneto da Modernidade Cativa